Mulher, publicidade e cerveja: como saber se a campanha é machista

naiany christini de moraes acesso livrePor: Naiany Christini Ribeiro de Moraes

Direito ao voto, a trabalhar fora, ao divórcio. Esses foram alguns direitos conquistados pelas mulheres brasileiras nos últimos cem anos. Mesmo recente, quando falamos de direitos civis, podemos ter a falsa sensação de igualdade entre gêneros no Brasil, mas fazendo análises de dados um pouco mais profundos, descobrimos coisas como, mesmo com maior grau de escolaridade, as mulheres ainda são minoria significativa em cargos de liderança e recebem menos que os homens. Isso sem entrar na questão do assédio, violência e feminicídio.

Dentro desse contexto temos a mídia e a publicidade, que se correlacionam com a sociedade, uma influenciando a outra. Ou seja, a sociedade faz um movimento progressista de mudança, alcança uma parcela grande da população, “faz um barulho”, a publicidade e a mídia entendem, replicam e ou se apropriam desse novo comportamento e chegam influenciando a grande parte da população. Esse processo é contínuo e muito difícil de encontrar o limiar onde começa um e termina o outro. Por exemplo, com o movimento feminista, a facilidade de compartilhar ideias através das redes sociais e a reclamação das mulheres, hoje em dia são poucas as marcas de cerveja que ainda insistem em propagandas machistas e misóginas que objetificam as mulheres, não sendo mais usadas como acessórios, mas vistas como protagonistas e potenciais consumidoras. Mas ainda assim, machismo na publicidade cervejeira ainda está longe de acabar, porque mesmo quando não são usadas como objetos, a associação é feita por estereótipos de gênero, trazendo cervejas mais “leves” e “delicadas” para mulheres.

Fazer propagandas machistas é estúpido até quando pensamos somente em lucro e mercado, pois ignora e/ou ofende um mercado potencial grande, afinal somos mais da metade da população brasileira. Utilizando o exemplo anterior, há pesquisas que mostram que homens e mulheres consomem quase a mesma quantidade de cerveja há pelo menos cinco anos. Mas se você puxar na memória lembrará de pelo menos 2 ou 3 campanhas do ano passado objetificando a mulher, as famosas “redondas” e “do verão”.

Outro exemplo dessa mudança são as grandes marcas de cosméticos, que estão deixando de padronizar belezas e passando uma mensagem de autoconfiança, empoderamento e aceitação para as mulheres. E para isso, incluem em suas peças mulheres diversas, com corpos, cores, cabelos, estilos e sexualidades diferentes.

Mas nem tudo são flores, no meio de tantas mudanças, ainda aparecem muitos exemplos negativos. A boa notícia é que esses casos são quase sempre confrontados pelas mulheres, e a má é que às vezes a empresa mantém seus valores machistas e retrógrados, como foi o caso de uma empresa de móveis que criou peças publicitárias objetificando a mulher, colocando modelos seminuas sem contexto algum em fotos que mal mostravam o produto em si e a criticada respondeu com mais intolerância, utilizando inclusive a famosa expressão que tenta silenciar qualquer grupo que reivindica seus direitos “chega de mimimi”. Esse foi um exemplo claro de publicidade ruim e péssimo gerenciamento de crise. Essa mesma empresa teve um aumento de popularidade grande entre conservadores, mas com pouca qualidade, pessoas com pouca probabilidade de comprar o produto, fora do target.

 

Como saber se minha campanha é machista?

Responda às seguintes perguntas:

Sua peça está objetificando a mulher? Ou seja, parece que o que você está vendendo vem com a mulher de brinde?

aline riscado machismo

Propaganda da Itaipava mostrando seio feminino como “produto”

Associa somente a mulher à tarefas domésticas, como lavar a roupa, a louça e limpar a casa? hora do descanso

Incentiva ou relativiza o assédio, a violência e o estupro?propaganda relativiza o estupro

Saiba mais sobre o protesto contra a campanha acima. 

Apresenta a mulher com estereótipos de gênero como feminilidade e delicadeza propaganda machista proibida

Veja a fúria causada pelo lançamento da Proibida Mulher

 

E o que é bacana, se você trabalha na área de Marketing e Publicidade?

  • Mostrar a diversidade das mulheres;
  • Mostrar mulheres em diferentes contextos e ações, por exemplo, como CEO ou liderando um time de futebol;
  • Quando falar de atividades ligadas à figura feminina, como limpar a casa, mostrar homens e crianças como protagonistas das peças também.

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